sábado, 25 de fevereiro de 2012
AJUDE UM REPÓRTER - UMA FERRAMENTA PARA OS PAUTEIROS DE PLANTÃO,Luzifotogramas
A primeira vez que vi @ajudeumreporter no twitter pensei que fosse uma daquelas campanhas de solidariedade a um colega em situação difícil. Talvez vítima de algum infortúnio, como doença grave com tratamento caríssimo.
Demissão com calote, ameaça de descontentes com suas reportagens, vítima de censura, opressão, injustiça ou agressão foram outras situações que me vieram à cabeça diante do apelo precedido da arroba que praticamente já virou letra do alfabeto. Seria algum conhecido? E mesmo que não fosse, talvez pudesse ajudar. Ou, verdadeiro motivo, apenas matar a curiosidade. Clique imediato.
Apesar de as situações acima não serem raras, nenhuma delas era o motivo da mobilização na rede social do passarinho. Tampouco era um único repórter que precisava de ajuda. Eram muitos. E todos eles precisavam do mesmo tipo de ajuda: encontrar uma fonte para as suas reportagens. (Para quem não está familiarizado com as entranhas jornalísticas, fonte é, resumidamente, como chamamos as pessoas e instituições que são entrevistadas ou dão informações ao repórter para que este produza as suas reportagens)
Assim como os solitários dos classificados idealizam um amor perfeito ["homem, meia idade, sit. financeira estabilizada, procura mulher 25 a 30 anos, loira, olhos verdes, s/ filhos, + 1,70m, p.relacionamento sério. Prefr.BH. Descarto aventuras"], os repórteres que precisam de ajuda também estão em busca do entrevistado ideal:
“…procura pessoa q deteste Legião Urbana.”
“…procura loja ou fabricante de berrante na cidade de SP.”
“…procura pessoas q acordaram após período em coma.”
“…procura alguém q teve piora no rendimento físico por conta de problema bucal.”
“…procura mulher q coma mto chocolate todos os dias e não tenha problemas de saúde por isso.”
“…procura empresas q ainda não saibam como
O resultado da busca pela fonte ideal, aparentemente, tem sido um sucesso. O serviço foi aprimorado e ampliado. Além do Twitter, está no Facebook, virou blog e um site onde jornalistas e fontes se cadastram em busca do encontro perfeito.
Procurar por possíveis fontes sugeridas na pauta (o planejamento da matéria, como costumamos chamar as reportagens) nem sempre é uma tarefa fácil. E mesmo antes da internet repórteres sempre recorreram a uma rede de amigos, amigos de amigos, conhecidos, e a listas organizadas de especialistas em determinado assunto para conseguir um entrevistado, uma fonte ou, como se diz no jargão das redações, um personagem.
Mas, diante da obviedade e excentricidade do tipo de fontes e situações procuradas nessa espécie de “disk-fonte”, é inevitável questionar se não há algo de errado do outro lado também. Ao conceber fontes imaginárias na pauta e exigir que se materializem, mesmo com a possibilidade de algumas delas não existirem, não estarão os veículos e os repórteres invertendo o fluxo da reportagem?
Os repórteres estão mesmo precisando de ajuda.
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