quinta-feira, 3 de junho de 2010

Após surpresa no primeiro turno, coalizões devem garantir vitória de candidato governista na Colômbia, diz especialista

  • Juan Manuel Santos,  candidato à presidência pelo Partido Social da Unidade Nacional

    Juan Manuel Santos, candidato à presidência pelo Partido Social da Unidade Nacional

O primeiro turno das eleições presidenciais colombianas, realizado no último final de semana, alavancou inesperadamente as chances de vitória do candidato governista Juan Manuel Santos, mas sua eleição depende ainda do sucesso das alianças antes da votação no segundo turno, de acordo com o analista ouvido pelo UOL Notícias.

Às vésperas da votação de 30 de maio, a imprensa colombiana publicava pesquisas de intenção de voto nas quais Santos, pelo Partido Social da Unidade Nacional, aparecia com 34% da preferência, contra 32% de seu principal rival, o ex-prefeito de Bogotá Antanas Mockus, candidato pelo Partido Verde. As apurações das urnas, no entanto, mostraram 46,6% dos votos para o candidato governista e 21,5% para o opositor.

“A surpresa para todo mundo foi que Santos tivesse uma porcentagem tão alta, que se aproximasse da maioria simples dos votos que seria necessária para ganhar no primeiro turno. Isso não estava previsto no quadro das pesquisas”, comentou Markus Schultze-Kraft, analista do International Crisis Group, em Bogotá.

“Agora, Santos não pode se dar ao luxo de acreditar que chegará à vitória no segundo turno apenas com o seu próprio apoio político”, explica. “Ou seja, as alianças pré segundo turno serão importantes para Santos – e ainda mais importantes para Mockus, que vai precisar de um esforço maior para construir coalizões para si”.

O partido Conservador da Colômbia já anunciou seu apoio a Santos, destacando que ele representa a coalizão que governou o país nos últimos oito anos. O apoio é relevante já que a candidata conservadora no primeiro turno, Naomí Sanín, conseguiu 6,14% dos votos.

“Para Santos, o grande desafio é ver como conseguir o apoio de outros setores do espectro de direita e centro-direita, como os conservadores, que já se aliaram, mas também Cambio Radical, com Vargas Lleras, ou uma corrente pró Uribe do Partido Liberal”, afirma Schultze-Kraft.

Essas negociações, segundo o analista, provavelmente tratarão de cargos no eventual futuro governo. “Quando se pergunta na Colômbia ‘o que você oferece’, normalmente se está perguntando que tipo de cota plutocrática você pode oferecer, ou seja, um ministério, uma outra entidade do Estado, por exemplo. Essas são as questões que a equipe de Santos agora está tentando responder”

Para seu rival, o cenário é mais difícil. Mockus chega ao segundo turno após uma ascensão de popularidade meteórica nos últimos meses, em parte construída a partir do contraste do candidato Verde em relação aos partidos tradicionais, o que lhe deixa com margem de manobra mais restrita agora.

“Por parte de Mockus, as alianças são limitadas, pois não poderá se aliar com os conservadores, tampouco com Vargas Lleras ou com o partido Liberal”, exemplifica Schultze-Kraft. “Ele poderia se aliar com o Pólo Democrático [de esquerda], mas não seria uma aliança muito poderosa, e além disso o pólo está em situação interna de fracionamento”.

Essa situação foi explicitada pelo próprio Mockus, que pediu apoio dos cidadãos que deixaram de votar ou que votaram nos candidatos derrotados, mas sem prever coalizões formais.

“Estamos convocando alianças cidadãs, e não acordos políticos. Este tipo de acordo político entre partidos viola a filosofia do Partido Verde”, disse Mockus em entrevista coletiva.

O segundo turno das eleições presidenciais da Colômbia está previsto para o dia 20 de junho.

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