terça-feira, 18 de maio de 2010

Onde foi parar o nosso ouro, hein?

As descobertas de ouro no século XVIII transformaram o Brasil no maior produtor mundial da época. As jazidas brasileiras produziram mais ouro no período do que os espanhóis retiraram do continente americano em 300 anos. Apesar de serem números difíceis de precisar, calcula-se que, entre 1701 e 1800, o Brasil produziu 840 toneladas de ouro e, entre 1740 e 1810, 3 milhões de quilates em diamantes.

Toda essa riqueza, porém, não gerou desenvolvimento ao Brasil. Tampouco enriqueceu Portugal. O que aconteceu? Já se disse que a mineração legou buracos ao Brasil, palácios a Portugal e indústrias à Inglaterra. Por quê? Em 1703, a Coroa portuguesa, pressionada pelos senhores rurais, assinou o Tratado de Methuen com a Inglaterra. Com o acordo, os tecidos de lã ingleses passaram a entrar livremente em Portugal, em troca de privilégios alfandegários ao vinho português nos portos ingleses. Sem manufaturas próprias, Portugal também comprava da Inglaterra calçados, ferramentas e louças. Assim, os portugueses foram contraindo dívidas, pagas com o ouro brasileiro. Se quisermos saber o endereço do ouro brasileiro, portanto, ele será o das fábricas inglesas.

O ouro que não foi para a Inglaterra acabou nas igrejas mineiras e portuguesas. O escritor José Saramago confirma o fato em seu livro Memorial do Convento, que relata a construção do Convento de Mafra em Portugal.

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