O técnico Dorival Júnior foi contratado pelo Santos no fim do ano passado com a missão de montar um novo time. Ele recebeu da nova diretoria, que assumiu o comando do clube em dezembro, a lista de jogadores à disposição e um recado nada animador: em dificuldades financeiras, o Santos e não tinha dinheiro para grandes contratações. O jeito foi apostar em atletas não muito badalados e torcer para que a garotada desabrochasse. Deu certo. O time engrenou logo nos primeiros jogos. Sob a batuta de Neymar e Ganso, o Peixe passou a atropelar adversários, marcando muitos gols, encantando público e crítica.
Em três meses, Dorival Júnior deu forma ao time que, até o momento, é o melhor do Campeonato Paulista
No meio do caminho, uma surpresa. O Santos conseguiu viabilizar, graças a um plano de marketing e a ajuda de empresários amigos do presidente Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, a contratação de Robinho. E o bolo, que já estava bem recheado, ganhou a sua cereja.
Agora, o Alvinegro se prepara para decidir. A partir do próximo domingo, às 16h, no Morumbi, a equipe começa a disputa com o São Paulo por uma vaga na final do Paulistão e Dorival explica como conseguiu dar forma ao time e levar os garotos a esse momento. Confira:
GLOBOESPORTE.COM - O Santos atingiu um nível muito alto neste Paulistão e a exigência também aumentou. Em pouco tempo, a equipe conseguiu ótimo entrosamento e os resultados vieram. Agora que chegou a hora de decidir de verdade, como você acha que vai ser o comportamento desse time?
Dorival Júnior - Agora é a parte mais difícil, que é manter esse padrão. Nós estamos jogando em alta performance desde o início do ano, mas só agora estamos chegando a uma fase decisiva. O ideal é mantermos o ritmo, o que não é fácil. Mas eu vejo o Santos bastante preparado.
Há muitas dúvidas sobre a maneira como os garotos vão se comportar no momento da decisão. Ganso e Neymar, por exemplo, já são realidades e se espera que eles deem conta do recado. Você acha que eles estão preparados para esse tipo de pressão?
Na verdade, eu não vejo dessa forma. Não acho que tem de haver cobrança exagerada em cima dessa equipe. Temos um time novo, formado há apenas três meses e que ainda está se encaixando. Se vencermos o campeonato, não será o ponto máximo. Como também se perdemos, não vai ser o fim. O Paulistão é apenas um dos objetivos de um trabalho para o ano todo. De qualquer forma, acho que os todos os jogadores estão bem centrados, conscientes de suas capacidades. Estão prontos.
Desde o início você percebeu que esse time se encaixaria tão bem?
Antes dos primeiros treinos, eu achei que teríamos muito mais dificuldades e até falei isso na época. O Santos estava entrando no Paulistão bem atrás dos outros grandes, que já tinham bases formadas. A forma como o time passou a jogar bem logo nas rodadas iniciais me impressionou. Realmente, não esperava. Mas foi num dos primeiros treinamentos coletivos que percebi que esse time seria competitivo. Foi quando, após os 30 primeiros minutos de treinamento, vi que eles estavam entendendo muito bem as orientações, executando com muita correção as jogadas.
Agora, você prepara o time para pegar o São Paulo na primeira decisão do ano. O que se esperar do Santos nesse momento?
Eu vejo o Santos bastante preparado, com condições totais de ser campeão. Vamos intensificar treinamentos específicos, corrigir erros. Agora, começa tudo do zero. O São Paulo é uma grande equipe, com jogadores acostumados a decidir. Não podemos nos esquecer que esse time foi tricampeão brasileiro recentemente. É claro que é um adversário que preocupa, mas o Santos também preocupa o São Paulo. Será um grande duelo.
Pode-se dizer que é a final antecipada do estadual?
Não vejo dessa forma. Na outra semifinal, há duas equipes de grande qualidade. O Santo André fez um campeonato bastante consistente, apresenta jogadores bastante rápidos, habilidosos. O Grêmio Prudente começou bem, teve uma oscilação, mas depois que o Toninho (Cecílio) assumiu, embalou em uma ótima sequência e chega com bastante moral para decidir.
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