quarta-feira, 7 de abril de 2010

tempestade carioca

Pessoas choram após ver o corpo de parente encontrado debaixo de  escombros, no Morro dos Prazeres Foto: AP

Pessoas choram após ver o corpo de parente debaixo de escombros, no Morro dos Prazeres

A chuva que atinge o Rio de Janeiro desde a tarde de segunda-feira deixou pelo menos 113 mortos e 135 feridos no Estado, segundo afirmaram a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros.

O prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB), afirmou que a cidade tem 1.410 pessoas desabrigadas e desalojadas. De acordo com ele, todos os mortos foram vitimados por deslizamentos provocados pelo encharcamento das encostas. A população foi orientada a permanecer em casa e deixar áreas de risco, onde existem 10 mil residências. Foram registrados pelo menos 180 deslizamentos.

No início da noite de terça, a prefeitura cancelou o estado de alerta na cidade em função da diminuição da intensidade das chuvas, mas mantém o estágio de atenção. "Há pessoas soterradas e desaparecidas. O Corpo de Bombeiros está revirando terras e escombros em muitos locais e o trabalho é árduo. Como voltou a chover, estamos abrindo nossos frontes de trabalho", disse o sargento Lúcio, do Corpo de Bombeiros.

No morro do Borel, na Tijuca, Ana Marcele Barbosa, de 5 meses, uma jovem de 16 anos e Francisca Bezerra de Souza, 60 anos, morreram soterradas no desabamento da casa em que estavam. Outras 12 pessoas ficaram feridas.

No morro dos Macacos, em Vila Isabel, foram cinco vítimas fatais, todas de uma mesma família que morava na rua Senador Nabuco. Um deslizamento de terra causou mais cinco óbitos no Morro do Andaraí e outros três no Morro do Turano, ambos na zona norte. A tragédia também fez uma vítima no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste.

"A situação é de caos. Todas as vias estão interrompidas e é um risco enorme para quem tentar sair de casa. Não saiam de casa, não levem seu filho à escola até que possamos avaliar melhor a situação e alterar a orientação. Ainda chove muito. Se preservem e tomem muito cuidado, principalmente as pessoas que moram em áreas de risco. A situação é muito crítica", disse o prefeito.

Chuva recorde
Paes afirmou que em menos de 24 horas choveu em média 288 mm na cidade. "É a maior chuva das grandes tragédias da história do Rio de Janeiro", disse. De acordo com a Climatempo, num período de 12 horas entre segunda e terça-feira choveu o que estava previsto para todo o mês de abril, que é cerca de 140 mm.

O Serviço de Meteorologia do Rio de Janeiro registrou que o índice é o maior da cidade desde que iniciou a medição, há mais de 40 anos. Mas os resultados oficiais do índice pluviométrico, realizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ainda não foram divulgados.

Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita ao Rio de Janeiro, cancelou a agenda prevista ao Complexo do Alemão, onde inauguraria obras do Programa de Aceleração do Crescimento na comunidade. "As enchentes atingem sempre as pessoas que moram em locais pobres, em locais inadequados", disse Lula a jornalistas no Rio, antes de participar de evento na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

"Temos que esperar passar a chuva para cuidar das pessoas", acrescentou o presidente, que ofereceu ajuda por telefone ao prefeito Eduardo Paes e ao governador do Rio, Sérgio Cabral.

Luto oficial
Cabral decretou luto oficial de três dias pelas vítimas dos temporais. "O mais importante agora é evitar o mal maior, que é a perda de vidas. Quem vive em locais de risco, deve procurar abrigo em lugares seguros", disse.

Aulas suspensas
Na capital fluminense, as aulas foram canceladas na terça e nesta quarta. Paes anunciou que as escolas municipais não funcionarão e pediu que as unidades particulares de ensino sigam o exemplo, que também foi adotado pela rede estadual.

Previsão
Segundo a Climatempo, a previsão é de que a chuva deve atingir o Rio até quinta-feira, embora com menor intensidade. Uma forte frente fria avança pelo Sudeste do Brasil e o intenso contraste térmico entre o ar polar e o ar quente tropical mantém as condições. Além disso, a temperatura superficial das águas do Atlântico, perto do litoral fluminense, está cerca de 2°C acima do normal.

Ainda de acordo com a agência, o mar sobe muito nas próximas 24-36 horas. Há previsão de ressaca entre esta quarta e quinta-feira.

Com informações de O Dia e das agências EFE e Reuters.

Nenhum comentário:

Postar um comentário