sexta-feira, 23 de julho de 2010

diferenças

Reações diferentes das torcidas do Brasil e da Argentina diante dos insucessos de suas seleções revelam diferenças culturais entre os povos.
Como todos já sabem Brasil e Argentina foram eliminados da Copa da África do Sul nas quartas de final.
Situações idênticas? Até certo ponto. Há quem considere o fracasso da Argentina mais humilhante por conta da derrota de 4 a zero diante da Alemanha.
A bem da verdade a seleção da Argentina teve um desempenho bem melhor que a brasileira na primeira fase do torneio e até nas oitavas de final. A cada partida o carismático D.Diego infundia otimismo nos seus pupilos. A autoestima era elevada. Contava a Argentina com o melhor jogador do mundo cuja estrela não brilhou nesta copa.
Mas, na partida contra a Alemanha não se manifestou nenhuma agressão e deslealdade da parte dos jogadores portenhos em desvantagem logo a partir dos três primeiros minutos de jogo. Um gesto nos surpreendeu. Após a partida o técnico Maradona não fugiu para o vestiário. Foi até o gramado e cumprimentou cada jogador com beijos como é do costume argentino.
Na derrota de nossa seleção não observamos a mesma atitude do técnico Dunga. Entendemos sua decepção e não queremos crucificá-lo por isto.
Do nosso ponto de vista, a seleção de Dunga foi a seleção possível. Jogadores importantes como Kaká e Luis Fabiano não estavam no melhor de sua forma desde o início. Elano se contundiu. Mas, quem os poderia substituir? No banco parece que não havia muitas opções.
Entendemos que a seleção possível de Dunga não era a seleção ideal e, por conta de suas limitações, não iria muito longe. A grande apatia manifestada pelos torcedores, que desta vez não se empolgaram como em outras copas, foi o prenúncio de um desastre anunciado. Poucas bandeirinhas nos carros, pouco barulho e brilho de fogos de artifício durante as partidas, camisetas da seleção encalhadas nas lojas e no Beco da Poeira, raros buzinaços após as vitórias do Brasil. Enfim, poucos acreditaram e investiram no hexa depois de duas vitórias apertadas contra times inexpressivos e um empate dramático contra Portugal. A vitória previsível contra o Chile não foi convincente. Não empolgou a torcida, não despertou seu entusiasmo.
Mas, para sermos justos, devemos reconhecer que a seleção possivel de Dunga trabalhou dentro dos seus limites. Tirante a falha de Felipe Melo que fez um gol contra e a insensatez que provocou sua expulsão não há como negar o compromisso e o esforço de nossos representantes. Se é verdade como dizia Nelson Rodrigues que "a seleção é a pátria em chuteiras" os atletas e seu treinador demonstraram nessa copa o seu patriotismo que não foi suficiente para vencer obstáculos insuperáveis que os aguardavam.
Insucessos a parte temos a comparar as reações das torcidas no retorno das duas seleções.
A seleção portenha teve calorosa recepção no aeroporto de Ezeiza.
A seleção brasileira foi recepcionada com intimidação nos aeroportos do Rio e de São Paulo. Apenas em Porto Alegre a situação foi mais amena em relação ao treinador Dunga.
No entanto a aparente calmaria prenunciava uma grande tempestade. Horas depois o presidente da CBF, em gesto demagógico e de vindita, a serviço da Rede Globo, demitiria Dunga e toda a equipe técnica.
Enquanto na Argentina a seleção é confortada pelos torcedores e ganha aplausos tem seu técnico prestigiado, no Brasil a seleção é execrada, recebe ameaças e tem seu treinador sumariamente demitido por motivos mesquinhos, os interesses contrariados da rede Globo que se sentiu afrontada pela insubordinação de Dunga.
Os comportamentos díspares evidenciam as abissais diferenças culturais entre os dois povos. Sem dúvida, neste capítulo, a nossa vizinha ganha de nós de goleada.
Esperamos que esta dura lição possa trazer bons dividendos para o futuro, para 2014 aqui na nossa casa.
Nota do blog: ao clicar no link a pátria em chuteiras do site Com Ciência (revista eletrônica de Jornalismo científico), você lerá um importante artigo sobre a frase e seu autor.

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